quinta-feira, 12 de abril de 2012

filosofia

dizem que
depois que platão
expulsou o poeta
da república os
nossos dias
nunca mais
foram os mesmos.

(centro "arcos da lapa" 11/04/12)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

o tao do catatau

há um cogito
agito no egito
a esfinge finge que sabe
- quem sabe? réquiem à sartre?



pe n so
l ogo
(r)
exi s t o
já pensou
descartes
jogando carteado num banco do brasil?
(saquei)
já pensou paul lewhiskey
e toda ser rose
axl ilas ardendo
de tanto soar?

abstracionismo x racionalismo

chega de ismos a esmo!

...

ficamos na mesma

o+á+p+i+c+e+d+o+r+a+c+i+o+n+a+l+i+s+m+o = realismo²=
suprarealismo

como devoro

(t)
de os wáld de andrarde
- é precioso, enxertar os zóio no livro
enxergo,
logo não largo
do ego!

fala tatu
pau lo leme in sky:

“ Descordenadas artesianas
UM LIVRO E SUA
HISTÓRIA, 23 ANOS DEPOIS
Por fim, a cobra
morde o próprio rabo.
A intuição básica
do catatau me veio em 1966, durante aula de História do Brasil, quando estava
dando as Invasões Holandesas e intento de estabelecimento de holandeses da
Companhia das Índias Ocidentais em Pernambuco e adjacências (24 anos, de 1630 a
1654), Vrijburg (Freiburg = “cidade livre”), Olinda, capital de verdadeiro
mini-império mercantil, com grande cobertura militar.
Falei do esforço
do Príncipe Maurício de Nassau, Diretor de Companhia do Brasil, em trazer para
cá sábios, cartógrafos, pintores, talentos como Marcgravf, Wagener, Post, Golijath,
Eckhout, escol de cérebros, para mapear céus e terras, flora e fauna, gentes e
usanças da Nova Holanda que , logo, seria, em holandês, o “verzuymt Brasilien”,
o perdido Brasil para sempre.
Referi que, na
Europa, o Príncipe Maurício cercava-se de um séquito de ilustres. O filósofo
francês René Descartes (que, à moda d o tempo, latinizava o nome para Renatus
Cartesius) era fidalgo da guarda pessoal de Maurício.
De repente, o
estalo: E SE DESCARTES TIVESSE VINDO PARA O BRASIL COM NASSAU, para recife/Olinda/Vrijburg/Freiburg/Mauritzstadt,
ele, Descartes, fundador e patrono do pensamento analítico, apoplético nas
entrópicas exuberâncias cipoais do trópico? (...)

CATATAU

A palavra
“catatau”, de origem provavelmente onomatopaica (o ruído de uma queda?) exibe
inúmeros sentidos em português e em brasileiro.
Em Portugal, como
regionalismo, pode significar “uma surra”, “uma determinada carta de baralho” e
até “pênis”.
No Brasil, designa
tanto uma coisa grande (um catatau de
papéis) quanto uma coisa pequena ( um nanico, um baixote).
Na Bahia, existe
a expressão “feio como o catatau”.
Designa ainda
“zoada”, “discussão”. E pode significar “uma espada velha”.
A multiplicidade
de leituras o Catatau já traz
inscrita na própria multiplicidade de sentidos de que é portador seu próprio
nome, uma das palavras mais polissêmicas do idioma.”


há algo de podre no reino dos suricatos. cato os meus
cacos, tudo que sobrou do meu nada. cacofonia, nada a declamar.barulho de
mar.bagulho no ar. eu não sei nadar.
catatau penetrou em meu úteroaéreo. Estou grávido ávido à
vida, gravitando em toda linguiestiiiiiiiicaaa.
não sei + o que soul
depois do tal catatau.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os anti-heróis

Muitos nos desconhecem. Poucos sabem quem nós somos. Ninguém entende ou sabe o que e por que nós fazemos. Isso lhe parece alguma frase triunfal estilo Watchmen? Não, mas não é. Nós somos poetas e não os homens de preto. Os homens de preto certamente são outros: os oficiais de justiça. E tenha medo deles, assim que os ômi entrarem na sua casa, com os seus óculos escuro e as suas gravatas apertadas para levarem as suas economias - buy buy metade dos seus bens.

O poeta é uma figura mitológica ou puro folclore? Tupi or not tupi? Nós já nascemos, diferentemente de Harry Potter, com a nossa cicatriz no formato de "L" impressa na testa. Nós os escolhidos, vitoriosos poetas, sobrevivemos, além do bem e do mal, na margem da cena alternativa dos mutantes que se consagram super-heróis. Nós que não usamos capa, máscaras, luvas ou cuecas por cima da calça e ainda assim conseguimos andar por aí sem sermos reconhecidos. E, quando descobertos, sofremos o mesmo bullying que sofrem os alienígenas, figuras carismáticas, que infelizmente receberam o título de vilão hollywoodiano.

Ando dizendo isso porque ser poeta é ser um bêbado errante a todos os olhos nus e crus. E é assumindo essa postura, de bardo, que construímos o nosso heroísmo de ser poeta numa época em que a única expressão usada para poeta é o termo "poeteiro". E foi após me lambuzar com o livro de outro poeta errante, grande amigo que conheci numa dessas noites boêmias, num evento tin-tin que só frequentam poeteiros, que eu captei a mensagem. O nome do cabra-homem: Leandro Jardim. O livro: "Os poemas que não gostamos dos nossos poetas preferidos (e outros exercícios ensimesmados)", lançado pelo selo Orpheu da editora Multifoco.

Leandro Jardim é um bardo completo: Além de escrever poemas, ele também compõe, toca e canta. Muitos poderes para um herói só. E isso deve ser muito complexo para quem se dedica a fazer tudo ao mesmo tempo. Mas mesmo assim Leandro arrisca, assumindo para si o risco que se corre.

"Os poemas que não gostamos dos nossos poetas preferidos" é uma ferida exposta. Uma manifestação contra o bullying nosso de cada dia. Na apresentação do livro, Leandro assume que é Poeta sim, com "P" maiúsculo, e que sofre preconceitos em todos os lugares por onde passa. Mas mesmo assim resolveu se expor exibindo os seus poderes de raio-x com os seus pequenos sonetos. Quer coisa mais anti-herói do que ser poeta e escrever sonetos? Como os grandiosos heróis do passado, Fernando Pessoa/Alberto Caeiro e Vinícius de Moraes, só para citar dois deles, Leandro Jardim carrega o brasão dos defensores de sonetos. E confessa ser um poeta errante nato, como no poema de nome Confissão de um poeta errante que para mim é um dos melhores e que resume bem a nossa classe: "eu não pertenço bem/ aos poetas de rua/ onde com eles circulei;/ não sou do tipo/ que vai ao CEP/ e experimenta ao vivo/ nem sou de círculos/ acadêmicos, se estudo/ é para não ser estúpido;/ mas por eles,/ confesso, oscilo/ para ser ouvido."
E por que escrever Sr. Leandro? "escrever é/ temer a solidão/ e ainda sim querê-la/ para vencer com a própria mão." O motivo? "é por isso que escrevo/ porque me livro."

Nós precisamos reivindicar os nossos direitos de transitar nas vias públicas, de andar por aí livres para observar, anotar, escrever e capturar os momentos invisíveis sem sermos taxados de anômalos. Não mais circular como os X-men circulavam, escondidos atrás de sobretudos e chapéus. Leandro jardim, o nosso bardo retumbante, veio para fincar a bandeira no Bandeira e proliferar as flores do mal que carrega no seu sobrenome. E ele não é menor por escrever sonetos: "É preciso ver com os olhos livres!", já dizia um aspirante a homem (graça) aranha em alguma Marvel esquecida do Brasil. "Os poemas que não gostamos dos nossos poetas preferidos" é uma série franca de poemas contra o preconceito da imperfeição. Era para ser uma obra com belas porcarias. Mas infelizmente, é a sua melhor.

Os poemas que não gostamos de nossos poetas preferidos

Às vezes encontrar um poema
ou outro não tão bom
ao longo do livro na mão
provoca um polido alivio

de satisfação, um sorriso
por descobrir no gênio ali lido
do poeta querido o humano.
E, então, levá-lo consigo.

Ensaio sobre a epifania

Perdi coisas
que não escrevi,
que ávido
pensei, senti,
porque ávido
este mundo consumia
em tais horas de epifania
de dias tão normais.

Perdi, portanto,
escritos, poemas,
superestimados pensamentos
de algum ímpeto que vivi.

Vivi, portanto,
esses instantes mil
que por certo outro tanto
de sensíveis também viu.

E, no entanto, fui
por esses segundos
secretamente grande
como nenhum gigante
conseguiu.

Meta-matemática

Calculem à vontade,
ainda assim insisto:
tenho companhia na solidão.